Portugal, 1995, cor, 165′ (1995)
Os dias do senhor João de Deus decorrem sem grandes sobressaltos, divididos entre o seu trabalho no “PARAISO DO GELADO” onde, a contento de todos, desempenha as funções de encarregado e de inventor da especialidade da casa, o famoso gelado “PARAISO”, que faz as delícias da clientela, e a sua casa, onde, paralelamente aos trabalhos domésticos, ocupa as suas horas de ócio, quase sempre solitárias, a coleccionar pentelhos femininos, num precioso álbum a que chama “Livro dos pensamentos”.
As raparigas de origem modesta constituem o pessoal do estabelecimento, são objecto dos cuidados permanentes do responsável, zeloso pelo cumprimento de regras básicas de higiene que não façam perigar a saúde pública.
Satisfeita com o curso do negócio, Judite, a patroa, sonha fundi-lo com uma empresa francesa e conta com os préstimos de João de Deus para impressionar favoravelmente um famoso geladeiro francês, vindo expressamente de Paris para provar a especialidade da casa. Os resultados são nulos e saldar-se-ão por um rotundo fracasso.
Entretanto, o comportamento de João de Deus – até aí sem falhas – começa a apresentar sintomas de desvios algo inquietantes. Que o digam a senhora arquitecta, Rosarinho e Virgínia.
Um belo dia, João de Deus encontra a Joaninha de olhos verdes, a filha do corpulento talhante da esquina e, depois de a ter atraído a sua casa, presenteia-a, não só com um banho de leite de vaca, como com tantas e tais guloseimas, que a menina se sente acometida de indisposição intestinal, o que, felizmente, graças a João de Deus, é passageiro.
O carniceiro progenitor, pretextando bestiais ofensas ao hímen de Joaninha, prepara-se para lavar a honra ultrajada num banho de sangue. Hospitalizado de urgência, em estado considerado desesperado, João de Deus consegue, todavia escapar às garras de morte. Também Judite, desta vez, não se compadece: despedimento com justa causa.
De regresso a casa, aguarda-o um quadro devastador: uma montanha de destroços, tudo feito em cacos, o “Livro dos pensamentos” reduzido a cinzas.
- João César Monteiro -
Ficha Artística
Interpreti: Cláudia Teixeira (Joaninha), Max Monteiro (João de Deus), Manuela de Freitas (Judite), Raquel Ascensão (Rosarinho), Gracinda Nave ( Felícia), Patrícia Abreu (Alexandra), Saraiva Serrano (signor Tomé), Maria João Ribeiro (Carmen), Bruno Sousa (Bruno), Ana Reis (menina à janela), Maria Esther Caldeira (vendedora de peixe), Rui Luís (Sr. Evaristo), Dinis Neto Jorge (Linguiça), Glícinia Quartin (Sra Antónia), Sandra Figueiredo (Beatriz), Sofia Costa (Irene), André Gago (Romão), João Pedro Gil (1° menino,Vox Dei), Miguel Ramos (2° menino), Nuno Lopes (3° menino), Igor da Silva (4° menino), Assunção Guerreiro (1° operaia), Fernanda Abreu (2° operaia), Isabel Conceição (3° operaia), Anabela Teixeira (Virgínia), Antónia Fortes (Fernanda), Marillise Callado (Germana), Ana Padrão, Fátima Belo (Celestina); Carlos Gonçalves (Cónego Saraiva), Jean Douchet (Antoine Doinel), Teresa Faria (vendedora de fruta), Dalila Carmo (Mimi), Sylvie Rocha (Clara), Manuela Viana e Silva (Scardanelli), António Calixto (medico), Vasco Sequeira (Vox Populi).
Ficha Técnica
Realização e Argumento: João César Monteiro
Montagem: Carla Bogalheiro
Produção: GER (Joaquim Pinto)
Direcção de Produção: Antonia Seabra
Co-produção: Pierre Grise Productions (Martine Marignac) MIKADO FILMS (Roberto Ciccuto) Zentropa production (Peter Aalbaek Jensen) LA SEPT
Fotografia: Mario Barroso
Som: Rolly Belhassen
Mistura: Jean-François Auger
Decoração: Emmanuel De Chauvigny
Guarda-roupa: Matilde Matos
Música: Claudio Monteverdi, Joseph Haydn, Richard Wagner, Johann Strauss Jr., Quim Barreiros, Deutshland Über Alles, La Marseillaise, Alma Negra.