Portugal, 35mm, cor, 143′ (1986)
Quando Laura Rosseilini decidiu bruscamente partir para Roma, levando consigo os filhos, estava por certo convencida que não mais voltaria a Portugal, que atrás de si deixara, para todo o sempre, “um país morto”. Todavia, cerca de um ano volvido, Laura regressa à casa fronteira à orla do mar e, num ameno clima de férias, reencontra o que resta da família e, porventura, algo de inesperado… Um ano após a morte do marido, Laura Rossellini. acompanhada pelos filhos, Maria e Roberto, regressa à casa junto ao mar para passar férias com as cunhadas, Sara e Rosa. À execução de Laura, a família parte para um passeio de barco no mar alto. A rádio anuncia o assassínio do dirigente palestiniano Issan Sartawi ocorrido nessa manhã, num hotel próximo, durante um congresso da Internacional Socialista. Numa praia deserta, Laura encontra um desconhecido que dá costa numa pequena embarcação. O homem está ferido e Laura decide recolhê-lo, depois de se certificar que não se encontra ninguém em casa. Notícias sobre o assassínio de Sartawi e a captura do presumível assassino continuam a ser difundidas. Laura trata do ferido, que diz chamar-se Robert Jordan e esconde-o no atelier do falecido marido, um pintor português, chamado Virgílio, suicidado como é costume. A atracção que, desde o início, Laura e Jordan sentem um pelo outro, encontra cada vez maiores resistências e hesitações por parte de Laura. De qualquer modo, com a repentina chegada da família, tudo entre ambos fica em suspenso. Dois acontecimentos marcam o relato da viagem: o assassínio de Sartawi, por um lado e, por outro, a carnificina que teve lugar num misterioso veleiro, ora apresado na doca de Tavira. Mas as peripécias do dia estão longe de chegar ao seu termo: a casa é assaltada por um grupo de homens armados que, todavia, não encontram rasto do indivíduo que procuram. Poucos instantes após a partida dos assaltantes, ouve-se o ruído de uma explosão: o carro em que seguiam incendeia-se. É então que Laura conta a Sara as circunstâncias em que encontrou Jordan e a ajuda que lhe prodigalizou. Sara tenta estabelecer um nexo entre os eventos recentes: não quer sobretudo que a família se veja envolvida em sarilhos. Numa esplanada, tem uma discussão com Laura, onde afloram velhos ressentimentos. Entretanto Jordan reaparece e é calorosamente recebido por Rosa e pelas crianças. E é nesta amena companhia que Laura, ao regressar a casa. surpreende Jordan. Instado por Sara. Robert Jordan esclarece, na medida do possível, algumas questões e, apesar das boas razões que o prendem àquela casa, manifesta o seu empenho em recuperar, com a providencial ajuda de alguns “amigos”, o Angelus, o veleiro apresado em Tavira, e em seguir o seu destino. No dia seguinte, comfirma-se a data e a hora da operação. Na véspera da partida, uma vez, mais. Jordan reafirma o seu amor por Laura que, uma vez mais, se esquiva. À hora do jantar, os presentes apercebem-se da ausência de Laura que, num clube nocturno procura outro tipo de convívio. Enquanto isso, Rosa entrega-se a Jordan. Para Laura é agora demasiado tarde. Jordan despede-se de todos. Se tudo correr conforme ao previsto, o Angelus, nessa mesma noite, desfraldará as velas ao passar, em frente da casa fronteira ao mar. Expectativas de toda a família: o Angelus surge finalmente : revelador furtivo do estado e da sua finita passagem. A família recolhe-se, as luzes da casa apagam-se uma a uma. Dir-se-ia um aquário habitado por peixes mortos.
(Dossier de Imprensa)
Ficha Artística
LAURA MORANTE
Laura Rossellini
PHILIP SPINELLI
Robert Jordan
MANUELA DE FREITAS
Sara
GEORGES CLAISSE
Antoine
TERESA VILLAVERDE
Rosa
SÉRGIO ANTUNES
Roberto
RITA FIGUEIREDO
Maria
CONCEIÇÃO GUERRA
Senhora Amélia
HADDY MOSS
Chefe dos assaltantes
GERD VOLKMAR
1º assaltante
FREDERICK OOMS
2º assaltante
J. C. M.
Stavroguim
Ficha Técnica
Realização e argumento: João César Monteiro
Montagem: Manuela Viegas
Direcção: Artística Teresa Mota e Vera Pinto
Produtor: Monteiro & Gil
Fotografia: Acácio de Almeida
Guarda-roupa: Mariana Meirelles
Música: Bach, Bellini, Mozart, Verdi, Carlos Ramos (Fado).
Som: Joaquim Pinto e Vasco Pimentel.