In memoria de Carlos de Oliveira
Portugal, cor, 35mm, 118′ (1981)
A história do filme é tirada de dois romances portugueses tradicionais: A donzela que vai à guerra (Séc. XV?), de origem judaica peninsular e de uma novela, A mão do finado, transmitida pela tradição oral que faz parte do ciclo do Barba Azul.
D. Rodrigo tem duas filhas, uma legítima e outra bastarda, Sílvia e Susana. Sentindo-se velho e sem herdeiro varão, D. Rodrigo decide casar Sílvia com um nobre rico, D. Paio, seu vizinho, com o propósito de assegurar o alargamento dos seus domínios. Depois de uma visita rápida do noivo, que é um comilão de saias, D. Rodrigo parte para a corte, a fim de convidar o Rei para a boda. À despedida, recomenda às filhas que não abram a ninguém as portas do solar.
Um dia, aparece um peregrino que pede guarida e Sílvia, desobedecendo às ordens do pai, acaba por abrir-lhe a porta. À lareira, o peregrino oferece uma laranja a cada uma das irmãs. Susana come imediatamente a sua, mas Sílvia finge apenas comê-la. O peregrino introduz-se no quarto das duas irmãs e, à vista de Sílvia, que aterrada finge dormir, viola Susana, adormecida por virtude da laranja dormideira.
Na sala, uma mão colocada sobre a mesa, irradia luz. No umbral, recortado pela chuva, o peregrino sopra num corno. Sílvia corre a fechar-lhe porta. O peregrino grita para que lhe devolva a mão, que é benta e pertence aos seus antepassados. Julgando tratar-se de mão do diabo, Sílvia recusa mas o homem promete que se Sílvia lhe devolver a mão ficará a saber tudo. A rapariga diz-lhe então para passar a mão por um postigo, que lhe devolverá a mão incandescente. O homem assim faz e Sílvia corta-lha com uma espada.
Quando o pai regressa, as filhas escondem-lhe o sucedido. Realiza-se a boda com D. Paio mas, durante o banquete, surge um cavaleiro que quer a mão de Sílvia. O pai, estupefacto, acaba por ceder, com a condição de o cavaleiro matar um feroz dragão que nenhum humano poderá vencer. Morto o dragão, Sílvia, acompanhada pela irmã, é levada para o castelo do cavaleiro, onde este acaba por lhe revelar a sua verdadeira identidade, mostrando-lhe a mão decepada, e lhe dá conta dos seus desígnios: matá-la. Sílvia põe a irmã ao corrente de tudo e Susana toma o seu lugar e consegue ajudá-la a fugir do castelo. Ao descobrir o logro, o cavaleiro inicia a perseguição à fugitiva, mas Sílvia consegue alcançar a casa paterna. Aí, Matias, o feitor, informa-a que o pai foi raptado, durante uma caçada, por um grupo de malfeitores, mas antes urge preparar uma expedição para salvar Susana. Entretanto, e quando tudo se apronta para a partida, esta aparece.
Sílvia decide então partir para a guerra em auxílio do pai. Susana tenta dissuadi-la. Sílvia veste-se de soldado e ocultara todos os traços da feminilidade, passando a chamar-se Silvestre.
Silvestre consegue ser alistado às ordens do alferes que persegue os raptores do pai e, apesar da sua extrema juventude, comporta-se bravamente nas batalhas, onde acaba por ser ferido. O alferes descobre o verdadeiro sexo de Silvestre e apaixona-se pela rapariga, que é levada para a corte do Rei.
Aparece um fidalgo que diz saber do paradeiro de D. Rodrigo e promete trazê-lo são e salvo se Sílvia se casar com ele. A menina aceita.
Durante o banquete nupcial, Susana descobre que o noivo é, nem mais nem menos, um novo disfarce do peregrino e do cavaleiro e desmascara-o, trazendo a mão do finado que havia guardado numa salgadeira. O vilão tenta matá-la, mas acaba por ser morto pelo alferes. Então a menina fica muito triste e o pai zanga-se com ela e reconcilia-se com a bastarda. E vai toda a gente atirar o vilão aos porcos enquanto a menina abandona a cena com o alferes e inicia uma longa viagem pelas estrelas.
(Comunicado da produção)
Ficha Artística
Maria de Madeiros (Silvia/Silvestre), Teresa Madruga (Susana), Luís Miguel Cintra (D. Raimundo), Jorge Silva Melo (D. Paio), Xosé Maria Straviz, João Guedes (D. Rodrigo), Rui Furtado (Matias), Raquel Maria, Cucha Carvalheiro, Afonso Vasconcelos, Rogério Vieira, João César Monteiro.
Ficha Técnica
Realização e argumento: João César Monteiro
Montagem: João César Monteiro, Teresa Caldas e Manuela Viegas
Direcção Artística: Anna Jotta
Produção: Paulo Branco – VO Filmes
Fotografia: Acácio de Almeida
Som: Vasco Pimentel
Música: Monteverdi, Schubert, Mudarra e Mozart
Guarda-Roupa: Beatriz Alçada, Maria José Branco e Maria Gonzaga.