Encontra-se disponível no nosso site a comunicação da Dra Susana Viegas
‘Vai e Vem’ e a reversibilidade do olhar no cinema
Abstract:
Nesta apresentação pretendo destacar a questão da reversibilidade do olhar no filme ‘Vai e Vem’ (2003), de João César Monteiro, com a propósito de, a partir dos textos de Merleau-Ponty, analisar detalhadamente as possibilidades e consequências filosóficas do plano do rosto e do olhar tal como é visível nesse filme. Normalmente, relacionamos a filosofia da arte de Merleau-Ponty com os escritos sobre a pintura de Cézanne mas, nesta apresentação, pretendo destacar os textos dedicados ao cinema. Assim, tomando o cinema como um caso exemplar, podemos aproximar o olhar directo no cinema e o espectador no fenómeno de reversibilidade do olhar. Através do cinema, é possível analisar, simultaneamente, o processo de tornar-se visível para o outro e de tornar visível essa relação, ou seja, é possível revelar o processo pelo qual o olhar do espectador que vê é reenviado a si como visível. Isto é, perante o plano pormenor de um olhar, o espectador compreende-se como alguém que vê e que é visível, revelando o próprio processo de ser espectador. Fenómeno que oscila entre o âmbito estético e o âmbito ético, a reversibilidade do olhar cinematográfico expõe o paradoxo da ambiguidade entre ver e ser visível e da visibilidade do invisível. Deste modo, o filme de João César Monteiro será considerado como um exemplo concreto deste fenómeno singular. Procurarei nele elementos que ajudem à compreensão deste processo filosófico e cinematográfico, nomeadamente o plano do olhar directo de João Vuvu/João César Monteiro.
(Agradecemos à Dr.ª Susana Viegas por nos ter enviado uma cópia da comunicação)
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