• 16Mar
    5ª Mostra do Documentário Português decorre entre 1 e 10 de Abril no Cinema São Jorge, em Lisboa

    A seguir ao 25 de Abril havia uma “urgência de filmar”, uma necessidade de “registar o aqui e o agora sob o risco de se perder o objecto de filmagem”, diz Tiago Afonso, que é, com Inês Sapeta Dias, um dos programadores do Panorama – 5ª Mostra do Documentário Português, que decorre entre 1 e 10 de Abril no Cinema São Jorge, em Lisboa.

    Um dos eixos centrais desta edição serão precisamente os filmes que se fizeram nesses tempos de urgência pós-revolucionária, em que, acrescenta Inês, “as pessoas queriam muito falar, e os cineastas acompanhavam essa vontade”.

    A secção Percursos no Documentário Português no pós-Abril será a oportunidade para rever obras como Cenas da Luta de Classes em Portugal (1976), de Philip Spinelli e Robert Kramer, O Encoberto (1975), de Fernando Lopes, Deus, Pátria e Autoridade (1975) de Rui Simões, ou Que farei eu com esta espada (1975) de João César Monteiro.

    Mas será também oportunidade para lançar uma pergunta: como se relaciona o documentário português com o mundo de hoje? (que é, aliás, o título de um dos debates do Panorama). A par dos filmes do período do PREC (Processo Revolucionário em Curso), será apresentada uma retrospectiva dos documentários realizados em Portugal durante o ano de 2010, que podem não ser, como os primeiros, filmes de intervenção, mas são também, sublinham os programadores, “filmes que, de diferentes formas, querem agir sobre a realidade”.

    Haverá estreias – entre as quais Emboscada por Dez Lados, de Vítor Jorge Alves, Golden Dawan, de Salomé Lamas, IP3, de José Costa Barbosa, A Banana do Pico, de Luís Bicudo e Cátia Sofia, de Miguel Clara Vasconcelos. E filmes que já foram vistos durante o ano passado, como Fantasia Lusitana, de João Canijo, Pelas Sombras, de Catarina Mourão, ou Quem mora na minha cabeça, de Miguel Seabra Lopes. A seguir a cada sessão haverá sempre uma conversa com os realizadores.

    Deste cruzamento entre filmes “de um período que foi voluntariamente esquecido” e que mostram “uma época em que o povo estava exaltado e os cineastas também”, diz Tiago Afonso, e filmes de 2010, sairá, esperam os organizadores (a Apordoc – Associação pelo Documentário e a Câmara Municipal de Lisboa) a resposta à tal pergunta sobre como os portugueses filmam o mundo hoje.

    Uma pergunta que se torna mais relevante se a relacionarmos com o momento que se vive actualmente – tentar saber “o que é isso de ocupar as ruas, de estar em massa nas ruas”, sobretudo, lembra Tiago Afonso, “quando acabámos de ter um fim-de-semana com um número excepcional de pessoas nas ruas”.

    http://ipsilon.publico.pt/Flash/texto.aspx?id=279499

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